"Minha meditação me queima, Senhor! Mas me deixai falar para me desafogar."
Jorge de Lima

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Nossa amiga de todos os dias

Eu trabalho no bairro do Tatuapé em São Paulo, mas moro na cidade de Mogi das Cruzes, localizada a mais ou menos 40 km de nossa amada (ou nem tanto) metrópole. Sendo assim, enfrento todos os dias uma guerra aberta nos trens da CPTM (Companhia Proporcionadora de Terríveis Momentos ou, conforme uma ex-colega de trabalho, CTPM). Seria apenas 1 hora e 15 minutos de viagem na ida até o trabalho e mais ou menos a mesma quantidade na volta, resultando no total de 2h e 30min. Tudo poderia ser perfeito se não fosse o fato de essas 2h e 30min – uns 10% do meu dia – serem uma simples e pura sessão (diacho de palavra que eu nunca lembro o modo certo de se escrever) de tortura! Parafraseando Euclides da Cunha, "o passageiro da CPTM é antes de tudo um forte", e realmente não é fácil ir caminhando pelo meio de uma multidão que não fica devendo nada aos nossos amigos chineses em suas cidades superlotadas e acotovelar-se com senhoras gordinhas e bruta-montes com camisetas piratas da Oakley para a simples ação de entrar no trem! Na estação Guianases, onde se faz baldeação para continuar a viagem, você se sente como uma formiga prestes a ser esmagada, ou até pior, como um boi, sem vontade e sem dignidade própria. Quando o trem entra na plataforma, para e as suas portas se abrem, ocorre um verdadeiro "estouro da boiada": as pessoas correm como desesperadas para pegar um lugar sentado. O mais estranho é que algumas delas até se divertem com a situação! Ficam sentadas rindo como doidas! Pode uma coisa dessas?
O pior para mim é que pelo fato de descer na estação Tatuapé, onde um número reduzido de pessoas desce, eu sou obrigado a ficar a viagem inteira na região da porta, porque se não... eu não saio! Certo dia eu empurrei umas duas pessoas que estavam na minha frente (porque elas não fizeram nenhum esforço para me ajudar a sair). Eu até consegui sair, mas logo percebi que a minha pobre mochila estava presa entre as pernas de duas pessoas e, para piorar a situação, havia uma moça que queria entrar e começou a se acotovelar com os dois homens. Eu puxei a minha mochila, mas os caras nem se moveram. Quando vi a mulher tentando subir, gritei: "Pelo amor de Deus, A MINHA MOCHILA, VOCÊS SÃO CEGOS OU O QUÊ???". Só assim para o trio de antas de darem conta do que estavam fazendo e soltarem a mochila.
Bem, vou parando por aqui, já que ainda teremos muito tempo para falar da CPTM e de nosso amado povo que a frequenta.

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