"Minha meditação me queima, Senhor! Mas me deixai falar para me desafogar."
Jorge de Lima

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Pequeno testemunho

Sabe aqueles dias em que nada parece fazer sentido? Quando tudo parece pior do que realmente é? Quando parece que estamos sós no mundo? Quando estamos prestes a cair? Pois bem, eu tenho tido alguns dias como esse ultimamente. Na verdade, é uma sensação que vem de repente, por uma palavra ou ação qualquer num dia qualquer... E ela vai, também, silenciosa como veio. Acontece que era sexta-feira, e eu voltava para casa assim como descrevi. Os passos eram vagarosos, nem pensava em chegar em casa. Pensava apenas na "morte da bezerra", como se costuma dizer nesses casos. Já perto de casa, olhei para o outro lado da rua, na direção de uma voz que me chamava. Era um senhor que eu conheço de vista, nem sei seu nome. Um daqueles homens simples que gostam de conversar. Eu sempre o vejo na igreja: vai à missa da manhã religiosamente todos os domingos. Quando me viu, atravessou a rua e veio falar comigo com seu costumeiro sorriso. Não estava com muita vontade de falar e dei um sorriso amarelo, pois sabia muito bem que ele costuma passar bastante tempo a falar sem interrupção. Aborreci-me um pouco com isso. Enquanto ele falava, dei um jeito de encurtar a conversa e fingi estar com pressa. Antes de se despedir, ele retirou do bolso um pedaço de folha de caderno onde estavam escritas à mão as leituras bíblicas daquele dia (ele sempre anda com essas folhas por onde quer que vá). Separamo-nos e eu abri o papel, embora confesso não estar tão interessado naquilo no momento. Dei uma passada rápida pelas leituras: Ezequiel, Salmo, Apocalipse, Mateus... E no final: "A felicidade é uma consequência de nossa escolhas". Ao ler isso, quase chorei ali mesmo na rua. Era exatamente isso o que precisava ler. Evidentemente não era uma frase retirada da Bíblia, então, que Bom Espírito o moveu a escrevê-la? E como dizer que Deus não existe?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sambódromo de pobre ou O homem da bolota

Nesse Carnaval decidi passar como todos os anos: em casa, sem viajar. Em primeiro lugar, porque não sou tão adepto assim desta data (visto que me sinto mal em multidões); em segundo porque viajar nessa data é uma loucura! O Brasil inteiro querendo fazer a mesma coisa não dá! Mas aconteceu de sábado ter saído com alguns amigos para um bom e velho boliche.
Era noite já, e como sempre, eu voltava de trem para casa. O vagão estava um tanto vazio, mas mesmo assim preferi viajar em pé encostado à porta, olhando a paisagem que passava. Não havia muita gente pelas ruas (e olha que nem eram 21 horas!), mas numa avenida iluminada duas arquibancadas de mais ou menos 50 metros de comprimento cada, formando um corredor, revelou um sambódromo improvisado! Nem sei a que horas o "desfile" iria começar, mas uma meia dúzia de gatos pingados (como diria meu pai) estava aguardando nas arquibancadas. Achei tudo aquilo engraçado e fiquei ansioso para que a arquibancada passasse logo para que eu pudesse ver se já havia alguma escola posicionada. Ao final da passarela, um grupo de pessoas com fantasias se preparava para entrar. Em cima de um carro alegórico bem sem graça, por sinal, a destaque, quase nua (nem penas para cobri-la) tentava se posicionar na plataforma mais alta (que não devia ter nem 2 metros). Nem vou criticar o desfile, afinal nem todas as cidades tem sorte de serem tão ricas a ponto de receberem tanto incentivo para a "preservação da cultura"... O que se pode dizer? Pobre é pobre, mas diverte!
Logo depois, ouvi uma voz arrastada: "Quem puder ajudar..." Virei para trás e vi um homem vindo na minha direção. Com a camiseta levantada, mostrava o motivo de sua desgraça: um enorme tumor avermelhado (ou algo parecido) na lateral da sua barriga. A bolota era realmente grotesca, mas felizmente ela estava cuidadosamente protegida por um plástico. O homem caminhava com passos arrastados. Uma mulher sentada estava com olhos fechados e com cara de agonia. O espetáculo era terrível demais para ela. De repente, o homem parou e se virou na direção da mulher agoniada: o trem estava parado na estação e alguém na plataforma que estava passando gritou para ele que "os homi entrou". Imediatamente ele abaixou a camiseta e foi para o outro vagão. Por baixo da camiseta, a bolota parecia uma pochete mal colocada. A mulher abriu os olhos e continuou sua vida, feliz por tudo ter passado. O que ela não lembrou é que o homem ia continuar com a bolota e, ele sim, teria que vê-la de novo. "Mas pode ser mentira! O homem poderia ter colocado um pedaço de carne na barriga e prendido com aquele plástico", dirá alguém, mais cético. Pode até ser, quem sabe. É como naquela história de Pedrinho e o lobo. Só que às vezes pagamos também pelas mentiras dos outros. Vale a pena olhar as pessoas pelo papel que ocupam na sociedade ou vale mais a pena olhar as pessoas como indivíduos?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Chuva eterna

Meu Deus! Tem chovido muito ultimamente! Durante aquele calor que só por Deus, à tarde cai aquele temporal na capital de São Paulo... E não é que qualquer chuva, não! É aquela chuva mesmo, com direito a trovões, enxurradas e por aí vai... Na última semana, a linha Coral da CPTM (que eu uso para ir ao trabalho e voltar dele) foi "desativada temporariamente" duas vezes! Na quarta-feira, a situação foi tão desesperadora que eu achei de verdade que não conseguiria voltar para casa. Mas no fim acabou dando tudo certo: cheguei bem mais tarde em casa, mas cheguei!
Na quinta-feira um pessoal do trabalho fez um bolão para ver quem acertava o momento exato em que a chuva começaria. Bom, nem sei o que deu, mas que choveu, choveu!
E a chuva continua, continua, continua...