"Minha meditação me queima, Senhor! Mas me deixai falar para me desafogar."
Jorge de Lima

sexta-feira, 12 de março de 2010

Aventura na selva de pedra e metal 2: no banco

Ser pobre às vezes é meio triste: você tem muitas contas bancárias, mas dinheiro que é bom, você não tem em nenhum delas... E o pouco que tem, tentam te tirar, sejam nos descontos em carteira ou pela sua própria conta corrente. Umas das minhas promessas para 2010 foi fechar algumas contas bancárias desnecessárias e ficar só com as duas que eu uso. Por isso, resolvi um dia desses sair mais cedo do meu trabalho para fechar a conta que eu tenho na Nossa Caixa, na qual eu recebia a minha bolsa da fapesp. Não que eu tenha qualquer coisa de expressamente contrária a esse banco, mas pensando prós e contas, decidi encerrá-la.
Sendo assim, pedi licença a minha chefinha, peguei o metrô e cruzei a cidade porque a minha agência fica na Cidade Universitária e eu trabalho no Tatuapé. Quase 1 hora e meia depois, descia do ônibus e caminhava na direção do banco cheio que esperanças. Chegando lá, retirei minha senha e com a maior paciência do mundo fiquei aguardando atendimento. Nem reparei o sistema tosquíssimo, em vez de um painel com as senhas, os funcionários ficavam gritando os números um após outro. Também nem notei a funcionária que, em vez de nos atender, ficou o tempo todo falando no telefone e resolvendo seus assuntos pessoais. Algum tempo depois outra funcionária chamou o meu número. O atendimento foi bom e graças a Deus ela não me fez perguntas e foi muito cordial comigo. O único problema era que eu precisava retirar uma graninha que havia sobrado na conta. O problema é que fazia um tempo já que eu não usava o banco e o sistema tinha mudado e eu não tinha mais senha; por isso fui obrigado a pegar uma senha para o caixa e retirar minha merrequinha ali mesmo. Pela multidão que se localizava na região das caixas, percebi que o atendimento não seria tão rápido. O que acontece é que estavam atendendo o número 62 e o meu número era 164! Relaxa e goza! Fiquei sentadão e esperei pacientemente a minha chamada. Algum (muito) tempo depois percebi que a impaciência era crescente, pois havia só três caixas nos atendendo. Alguns clientes começaram a reclamar uns com os outros. Passou-se mais de uma hora de espera, quando um dos funcionários levantou-se e declarou que eles ali estavam fazendo o melhor possível (e estava certo) e que se quisessem reclamar, que reclamassem com a gerente! Bom, ele nem precisava ter falado assim, pois retirou uma coisa que nenhuma multidão enfurecida admite: não ter alguém para culpar. Um dos clientes, um senhorzinho, surtou e começou a gritar com o funcionário que havia feito a declaração. Ele começou a xingar e dizer que meio mundo era incompetente. O funcionário foi perdendo a paciência e no auge gritou para os outros funcionários que atendessem bem devagar... Aí a confusão de instalou: faltavam cinco números para eu ser chamado e eu comecei a olhar ao redor, procurando algum lugar para me esconder, caso acontecesse alguma desgraça. Veio outro funcionário, todo sério, e começou a discutir com o senhorzinho, o que o deixou ainda mais enervado. Enquanto isso, no caixa, mais um funcionário começou a trabalhar, mas o engraçado é que ele não entendeu o que estava acontecendo e ficou apertando o botão de atendimento. Como todos estavam entretidos com a discussão, acho que ninguém notou isso, por isso, minha vez chegou rapidinho. Saltei na frente do caixa, peguei meu dinheiro e corri para fora do banco.
Saldo do dia: quase 4 horas no banco e eu nem tinha almoçado ainda. Para compensar, comi um pratão delicioso de gnocchi e comprei dois livros com o dinheiro que havia acabado de sacar... Feliz e contente, voltei para casa. Nem me lembrava mais do que tinha acontecido lá.